Vale do Sado a norte de Alcácer |
Capela das 11 000 Virgens. Convento de S. António. Alcácer do Sal
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Jornal nº 126, 27 de Dezembro de 1908
A minha adorada
Já se foi deitar,
Não tinha sapatos
Para vir dançar!
Trazia uns chinellos
Sem solas nem saltos!
Para vir dançar
Não tinha sapatos
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Jornal nº 127, 3 de Janeiro de 1909
Eu subi ao alto
A´meia ladeira,
P´ra ver o meu bem
Que andava na eira!
Ainda depois
Subi mais alem,
Que andava na eira
P´ra ver o meu bem.
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Jornal nº 128, 10 de Janeiro de 1909
O´meu qu´rido amor
Só tu, ninguém mais,
Tiveste a dita
D´ouvir os meus ais.
Alem de não teres
Figura bonita,
D´ouvir os meus ais
Tivestes a dita.
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Jornal nº 129, 17 de Janeiro de 1909
O´meu lindo amor
Só tu, mais ninguém,
Me tira a paixão
Que a minh´alma tem.
De te ver meu bem
E´grande alegrão,
Que a minh´alma tem
E me tira a paixão.
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Jornal nº 130, 24 de Janeiro de 1909
Venho de tão longe
Patinhando poças,
Venho só á fama
De tão lindas moças.
Não disse nem digo
Quem aqui me chama,
De tão lindas moças
Venho só á fama.
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Jornal nº 131, 31 de Janeiro de 1909
Fui ao verde campo
P´ra ver um amigo,
Que encontro tão lindo
Eu tive comtigo.
Ao ver-te meu bem
Alegre e sorrindo,
Eu tive comtigo
Um encontro lindo.
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Jornal nº 132, 7 de Fevereiro de 1909
Toma lá amor
Que te manda a prima,
Um lenço d´abraços
Com beijos em cima.
Acceita meu bem,
Envolve em teus laços,
Com beijos em cima
Um lenço d´abraços.
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Jornal nº 133, 14 de Fevereiro de 1909
Assim pequenina
Como um cascabulho,
Eu sou a que faço
Nos bailes barulho.
Quando o tocador
Não toca a compasso,
Nos bailes barulho
Sou eu que o faço.
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Jornal nº 135, 28 de Fevereiro de 1909
O meu pae não quer
Que eu fale comtigo,
Fazemos-lh´o gosto
Fala tu commigo.
E não há por isso
O menor desgosto,
Fala tu commigo
Fazemos-lh o gosto
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Jornal nº 136, 7 de Março de 1909
A minha rival
E´um escarapão;
Tem nariz de bicha
Testa de Furão.
Arrebita o rabo
Como a lagartixa.
Testa de furão,
E nariz de bicha.
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Jornal nº 137, 14 de Março de 1909
´Inda que meu pae
Na rua te ponha,
Amor finge ter
Cara sem vergonha.
Nunca dês ouvidos,
Ao que elle disser,
Cara sem vergonha
Amor finge ter.
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Jornal nº 138, 21 de Março de 1909
Conta-me o motivo
Da tua paixão,
Pode ser que eu traga
Remédio na mão.
E´d´algum rival
Com certeza praga,
Remédio na mão
Pode ser que eu traga.
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