Estuário do rio Sado. Ao fundo a serra da Arrábida, na zona do Risco.
Algures a norte de Alcácer, na zona do estuário do rio Sado.
_______________________________________ Jornal nº 206, de 10 de Julho de 1910 Cautella Maria Co´os teus palavrões, Que a gente vê caras Sem vêr corações! Vê bem com quem falas, Pois tu não reparas Bem vêr corações Que a gente vê caras?! ______________________________________________ Jornal nº 207, de 17 de Julho de 1910 Meu bem anda triste Anda imaginario, Eu bem o conheço Pelo seu duario. Parece-me que eu Tambem lhe aborreço Pelo seu duario Eu bem o conheço. _________________________________________ Jornal nº 208, de 24 de Julho de 1910 Amores, amores, Como eu tenho tido, Se agora os não tenho Teem-me morrido. Por lindos amores Sempre eu fiz empenho, Teem-me morrido Se agora os não tenho. __________________________________________ Jornal nº 210, de 7 de Agosto de 1910 Não chores amor Que eu não vou morrer, Dá graças a Deus Qu´inda me has de vêr. Vou servir o rei Por peccados meus, Qu´inda me has de vêr Dá graças a Deus. __________________________________________ Jornal nº 211, de 14 de Agosto de 1910 Não chores amor Que a desgraça é minha, Isto são dois annos Que eu sirvo a rainha. Obrigam-me a ir Servir os tyrannos, Que eu sirvo a rainha Isto são dois annos. ________________________________________ Jornal nº 212, de 21 de Agosto de 1910 Eu não sei cantar Nem armar cantigas, Todos os meus enlevos São as raparigas. Quando ellas se enfeitam Com cheirosos trevos, São as raparigas… Todos os meus enlevos. ___________________________________________ Jornal nº 213, de 28 de Agosto de 1910 Se eu quizesse amores Tinha mais d´um moio, Se tenho só um E´trigo sem joio. E não desejando De ter mais nenhum, E´trigo sem joio Se tenho só um. ____________________________________________ Jornal nº 214, de 4 de Setembro de 1910 Se eu quizesse amores Tinha mais d´um cento, E´pão bolorento. Até já com elle Me não entretenho, E´pão bolorento Esse qu´inda tenho. _____________________________________________ Jornal nº 215, de 11 de Setembro de 1910 Lindo amor eu tenho Sezões a morrer, Suppõe o valor Que eu poderei ter. Sem te vêr meu bem Soffro tanta dôr, Que eu poderei ter Suppõe o valor. ______________________________________________ Jornal nº 216, de 18 de Setembro de 1910 O´juizo vario Vareia, vareia. Não posso ser firme A quem me falseia. Se amar quem é falso E´um grande crime, A quem me falseia Não posso ser firme. _________________________________________________ Jornal nº 217, de 25 de Setembro de 1910 O Anna, ó Anna, Quem cahiu, cahiu, Levanta-te ó Anna Que ninguem te viu. Pareces a ser Muito leviana, Que ninguem te viu Levanta-te ó Anna. ______________________________________________ Jornal nº 218, de 2 de Outubro de 1910 E´um gosto ouvir Nas manhãs d´Abril, Chiar os carrinhos De Banagazil (1) Há quem se aborreça D´ouvir p´los caminhos, De Banagazil Chiar os carrinhos. 1 - Grande herdade na margem sul, do alto Sado, da qual teem fama os seus grandes palheiros e a chiada dos seus carros. ______________________________________________ Jornal nº 219, de 9 de Outubro de 1910 Já não há quem queira Ganhar um vintem, Ir à outra banda Chamar o meu bem. Esse que quer vae E o que não quer manda, Chamar o meu bem Ir á outra banda. ____________________________________________ Jornal nº 220, de 16 de Outubro de 1910 Eu ouvi tocar A campa no adro, Abalei, fui vêr Meu bem sepultado. Com muito desgosto E nenhum prazer, Meu bem sepultado, Abalei, fui vêr. ______________________________________________ Jornal nº 221, de 23 de Outubro de 1910 Se te dei palavra Agora não quero, Palavras não são Correntes de ferro. Se a palavra d´honra Tem acceitação, Correntes de ferro Palavras não são. |
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