terça-feira, novembro 07, 2006

O Cancioneiro do Sado: Jornal Alcacerense "Pedro Nunes". I Parte

António Rafael Carvalho

Por definição, um cancioneiro é uma colectânea de canções ou composições de diversos autores.
Não sabemos como foi efectuada esta recolha de poesia popular e canções, mas vamos transcrever a breve introdução efectuada no dia 8 de Março de 1908, no Jornal Pedro Nunes, no número onde se deu início este cancioneiro do Sado, que poderá dar uma ajuda nesta questão:

Começamos hoje a publicar o Cancioneiro do Sado, que se compõe dos cantares característicos d´esta região. Suppômos que esta nova secção se tornará interessante para os nossos leitores, pela originalidade e pela inspiração que encerram as populares poesias”

É pegando nestas palavras que passados mais de 90 anos, queremos dar o nosso contributo para a perpetuar e divulgar esta poesia simples, mas plena de sabedoria que é testemunho de uma época e de um quotidiano próprios. Neste caso, estamos perante um património cultural de natureza imaterial e por isso mais frágil e muito volátil.
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Jornal nº 85 de 8 de Março de 1908

Ribeira do Sado
Verdura, verdura…
O que é bom acaba,
O que é mau atura!

De ter boas moças,
Tal gente se gaba.
O que é mau atura…
O que é bom acaba.


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Jornal nº 86 de 15 de Março de 1908

Ribeira do Sado,
Ella é toda minha.,
Do Porto d`El Rei…
`Te à Barrozinha!

Tem lindas herdades!
São minhas por lei.,
`Te à Barrozinha…
Do Porto d`El rei.


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Jornal nº 87 de 22 de Março de 1908

Maldito ferreiro
Que tem quanto quer;
Por já não ter ferro…
Malhou na mulher!

A pobre até treme!
Em lh`ouvindo um berro;
Malhou na mulher…
Por já não ter ferro.

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Jornal nº 88 de 29 de Março de 1908

(referencia à Feira Nova de Outubro)

Este é o « ladrão »
Que a « Ritta » cantava;
Lá na feira nova…
Ninguém lhe ganhava!

De boa cantora
Sempre ella deu prova;
Ninguém lhe ganhava…
Lá na feira nova!


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Jornal nº 89 de 5 de Abril de 1908

O Senhor dos Martyres,
Lá nos olivaes,
Senhora Sant ´Anna…
No meio dos sapaes!

Tem seu lindo altar,
Bem feito á romana!
No meio dos sapaes…
Senhora a Sant ´Anna!

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