Algures no estuário do rio Sado
__________________________________________ Jornal nº 222, de 30 de Outubro de 1910 O´rosa não queiras Viver nos quintaes, Aqui no meu peito ´Inda brilhas mais. Para me tornares Um rapaz perfeito, ´Inda brilhas mais Aqui no meu peito. ____________________________________________ Jornal nº 223, de 6 de Novembro de 1910 Ateima teimoso Tens bem que ateimar, Tua teima ávante Não has de levar. Embora teimoso E mito embirrante, Não has de levar Tua teima ávante. __________________________________________ Jornal nº 224, de 13 de Novembro de 1910 A paixão d´amores Não mata mas moe, O meu coração De leal se doe. Porque espero amor A nossa união, De leal se doe O meu coração. ____________________________________________ Jornal nº 225, de 20 de Novembro de 1910 O´moças, ó moças Cá da minha aldeia, Não queiram andar Commigo em garreira. Porque eu só assim As posso estimar, Commigo em garreira Não queiram andar. ____________________________________________ Jornal nº 226, de 27 de Novembro de 1910 Anda meu amor Anda vem dançar, Inda é muito cedo Para te ires deitar. Vem dançar commigo E não tenhas medo, Que p´ra te ires deitar Inda é muito cedo. __________________________________________ Jornal nº 227, de 4 de Dezembro de 1910 O´olhos azues Que já foram meus, Agora são d´outros Paciencia, adeus. Olhos que parecem De fogazes pôtros, Paciencia, adeus, Agora são d´outros. _______________________________________________ Jornal nº 228, de 11 de Dezembro de 1910 Quem quizer ser homem Vá p´r´as Amoreiras, Que lá não se dormem As noites inteiras. Vae p´ra lá meu bem Apprende a ser homem, As noites inteiras Que lá não se dormem. ______________________________________________ Jornal nº 229, de 18 de Dezembro de 1910 O meu bem me disse Hontem no jardim, Querida adorada Não chores por mim. Forçam-me fazer Tamanha jornada, Não chores por mim Querida adorada. ______________________________________________ Jornal nº 230, de 25 de Dezembro de 1910 Tenho cinco amores Contigo são seis, Tenho quatro em Palma Dois em Valle dos Reis. Com tantos amores Se expande minh´alma, Dois em Valle dos Reis E quatro em Palma. ___________________________________________ Jornal nº 231, de 1 de Janeiro de 1911 Gosto de cantar Com quem canta bem, Gosto de ter graças Com quem graças tem. Como me admittam As minhas chalaças, Com quem graças tem Gosto de ter graças. ________________________________________ Jornal nº 232, de 8 de Janeiro de 1911 Venho de tão longe P´ra te ouvir cantar, Essa tua fala Me foram gabar. E porque o teu canto A todos regala, Me foram gabar Essa tua fala. _________________________________________ Jornal nº 233, de 15 de Janeiro de 1911 Maria Paulina Diz que canta bem, E´maior a fama Que a fala que tem. Não sei p´ra que gabam Uma tal madama. Que á fala que tem E´maior a fama. ____________________________________________ Jornal nº 234, de 22 de Janeiro de 1911 O cantar quer hora E o bailar maré, Diga lá menina Se isto assim não é. Sei que sempre foi Boa dançarina, Se isto assim não é Diga lá menina. ___________________________________________ Jornal nº 235, de 29 de Janeiro de 1911 O meu bem é lindo Não pode ser mais, Só basta não ter No rosto signaes. E p´ra sua cara Mais bonita ser, No rosto signaes Só basta não ter. ___________________________________________ Jornal nº 236, de 5 de Fevereiro de 1911 Aquella menina Do lenço encarnado, Já me perguntou Se eu era casado. Não sei se a pequena Commigo engraçou, Se eu era casado Já me perguntou. _____________________________________________ Jornal nº 237, de 12 de Fevereiro de 1911 Aquella menina Do lencinho branco, Já me perguntou Se eu era do campo. Que int´resse terá De saber quem sou, Se eu era do campo Já me perguntou. ____________________________________________ Jornal nº 238, de 19 de Fevereiro de 1911 Querida Maria O teu pae é meu, Minha mºae é tua Teu amor sou eu Pois que nos casamos Em noite de lua, Teu amor sou eu Minha mãe é tua. ___________________________________________ Jornal nº 239, de 26 de Fevereiro de 1911 Amor se não era Da tua vontade, Para eu me deste Tanta liberdade. P´ra que me censuras Se assim o quizeste; Tanta liberdade Para que me deste? ___________________________________________ Jornal nº 240, de 5 de Março de 1911 O´meu lindo amor Despacha, despacha, Não te posso vêr De cbeça baixa. Pois tal posição Faz aborrecer, De cabeça baixa Não te posso vêr. ___________________________________________ Jornal nº 241, de 12 de Março de 1911 O´meu lindo amor Despacha que é tempo, Eu não estou guardada P´ra nenhum convento. Se não fosses tu Já estava casada, P´ra nenhum convento Eu não estou guardada. |
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