Miguel Coquilho
Em 31 de Janeiro de 1928 veio à luz o primeiro número do jornal republicano Democracia editado pelo Centro Académico Republicano do Porto. Com periodicidade mensal, a direcção a cargo de Viriato Gonçalves; edição de Macário Dinis e administração de António Filgueiras. Quanto aos redactores destacavam-se Horácio Cunha; Alexandre Pinto; Adolfo Casaes Monteiro; António Vasconcelos de Carvalho; Álvaro Ribeiro; Luís Guedes de Oliveira; Luís Walter Vasconcelos.
Quando se assistia ao clima revoltoso ditado pelo Reviralhismo, postulando o regresso ao regime republicano liberal obliterando a ditadura militar presente com o propósito firme de criar as condições politicas essenciais à recondução do pais à normalidade constitucional, instaurando a Republica democrática, perante a desagregação da base social e politica tradicional que normalmente atribuía o seu apoio ao Republicanismo. Visto ter a plasticidade necessária ao desenvolvimento de todas as reformas a implementar, caracterizada como a mais democrática de todas as formas de regime, a menos cousificada e a maias apta a todos os progressos.
Traçando um quadro retrospectivo do Democracia, é possível constatar que os temas dominantes constitutivos do seu ideário resultavam da defesa dos interesses da inteligência e da Nação, a causa das elites e o seu domínio europeu civilizado e, por fim, o combate ao isolamento das Universidades, para que se tornem sociais e dignas representantes do Espírito. Quem viesse a iniciar os seus estudos, encontrasse ao passar pela Universidade um meio mais lavado e de melhor ar.
O periódico procurou implementar a coesão do meio republicano estudantil, entretanto disperso pela desunião que insistia em imperar por parte dos estudantes republicanos, congregando as energias moças, que andam dispersas, para as interessar mais vivamente pela vida da nação e da República.
Se espacialmente a academia seria o seu principal campo de acção, não se coibiam de ir ao encontro do povo, particularmente dos sectores sociais mais desfavorecidos, o operariado, ao que se juntava noutra vertente o exército e a magistratura, alargando sua base de apoio tendente à instrumentalização dos principais centros urbanos cada vez mais hostis à governação republicana, perante o agravar da sua situação económica.
Com a mobilização do meio intelectual estudantil, o Democracia apela à consciência de cada elemento doutorado, na medida em que este não devia ser apenas senhor de um título, mas senhor de uma consciência social da vida contemporânea. Correspondendo ao esforço económico despendido com os seus estudos, segundo a defesa da liberdade e igualdade de todos os homens.
Atribuindo às elites estudantis a condução de todo este processo, decorrente da luta pela conquista de mais direitos sociais para cada um dos membros do operariado, visando com sua propaganda alargar a sua base de apoio. Posta em prática por um conjunto de medidas desenvolvimentistas da acção politica, traduzidas nas sessões de propaganda nos meios trabalhadores, de forma a exponenciar a cultura, sem a qual não se construiria a verdadeira democracia em Portugal em comparação à Europa. Dando maior amplitude à sua actividade relacionando-a com os meios intelectuais e operário aspirando que futuramente fosse extensível a toda a academia do paìs, constituindo para as gerações futuras, um exemplo claramente a seguir.
De molde a pôr em prática esta politica do ponto de vista ideológico, o Democracia defendia uma sociedade meritocrática a onde os serviços públicos fossem entregues aos cidadãos possuidores de melhor competência técnica e moral, levando a efeito uma critica mordaz ao integralismo, corrente maioritária no Centro Académico Do Porto, advogando que o Estado simbolizava a nação em detrimento de qualquer dinastia, classe fidalga ou grupo politico. Explicitando o Estado como coisa pública, inalienável ao conjunto dos cidadãos portugueses. Postulando que ser republicano, significaria ser o português que objectivava a sua pátria restaurada mediante a tolerância das ideias, corrigindo os erros perpetrados por parte das gerações que anteriormente fundaram e dirigiram a primeira república.
Por este motivo o Democracia afirmava a moralização da actividade politica, libertando-a das condicionantes do individualismo vadio e madraço, que distanciava progressivamente Portugal da restante Europa. Patente no seguir do movimento intelectual preconizado pelos seareiros, onde evidenciavam António Sérgio e Raul Proença, como seus doutrinadores através dos seus artigos. António Sérgio explicita a critica ao isolamento dado pelo nacionalismo conservador, que insistia em recusar abrir as portas da nação aos movimentos civilizadores que percorriam a Europa. Remetendo a resolução deste problema para a construção da equidade educacional mais eficiente.
Promovendo a apostolização destes princípios através de uma propaganda educativa moralizadora, tendente a consolidar e reconstituir em bases mais sólidas e proficientes a sociedade republicana. Prefigurando a criação da verdadeira mentalidade democrática, resultante dos índices extremamente elevados do analfabetismo no país. O que exigia uma permanente leccionação do civismo presente na criação da alma republicana, generalizada a todos os cidadãos, directamente conexionada com governabilidade da nação, tornando o povo mais interventor na totalidade societária.
Garantindo a manutenção do bem comum, para que cada cidadão livre e conscientemente pudesse fazer valer os seus direitos, o que por conseguinte implicava a existência de uma consciência cívica consubstanciada na existência de maiores índices de cultura. Só assim se conseguiria modificar a opinião pública, visto esta entre nós ser uma mentira, aliada a existência de uma população ignorante e apática, existente nos campos, dificultando a vivência em democracia, num pais cujos indivíduos tinham uma noção muito triste do que lhes cabia como membros políticos, do grupo social que constituíam, impondo-se a todos os governantes o esforço pela educação cívica do povo.
Noutra vertente o federalismo, patente na defesa das ideias de José Félix Henriques Nogueira, em que o governo fosse feito pelo povo e para o povo, sobre a forma filosófica e prestigiosa da Republica. Mediante a federação em que Portugal pequeno e oprimido procurasse conjuntamente com os restantes povos peninsulares a força, a importância e a verdadeira independência. Repelindo a fusão alegando que corresponderia a perda de individualidade. Constituindo-se a confederação dos Estados Unidos da Ibéria. Conjuntamente com a promoção da descentralização através do aumento das liberdades municipais e a associação voluntária.
Não competindo ao município legislar, mas sim concorrer por meio dos seus representantes para a confecção de leis adaptando os regulamentos à sua localidade. Noutra acepção a administração interna, onde o município procurava manter o equilíbrio necessário justo à protecção dos diversos ramos de trabalho.
Quando se assistia ao clima revoltoso ditado pelo Reviralhismo, postulando o regresso ao regime republicano liberal obliterando a ditadura militar presente com o propósito firme de criar as condições politicas essenciais à recondução do pais à normalidade constitucional, instaurando a Republica democrática, perante a desagregação da base social e politica tradicional que normalmente atribuía o seu apoio ao Republicanismo. Visto ter a plasticidade necessária ao desenvolvimento de todas as reformas a implementar, caracterizada como a mais democrática de todas as formas de regime, a menos cousificada e a maias apta a todos os progressos.
Traçando um quadro retrospectivo do Democracia, é possível constatar que os temas dominantes constitutivos do seu ideário resultavam da defesa dos interesses da inteligência e da Nação, a causa das elites e o seu domínio europeu civilizado e, por fim, o combate ao isolamento das Universidades, para que se tornem sociais e dignas representantes do Espírito. Quem viesse a iniciar os seus estudos, encontrasse ao passar pela Universidade um meio mais lavado e de melhor ar.
O periódico procurou implementar a coesão do meio republicano estudantil, entretanto disperso pela desunião que insistia em imperar por parte dos estudantes republicanos, congregando as energias moças, que andam dispersas, para as interessar mais vivamente pela vida da nação e da República.
Se espacialmente a academia seria o seu principal campo de acção, não se coibiam de ir ao encontro do povo, particularmente dos sectores sociais mais desfavorecidos, o operariado, ao que se juntava noutra vertente o exército e a magistratura, alargando sua base de apoio tendente à instrumentalização dos principais centros urbanos cada vez mais hostis à governação republicana, perante o agravar da sua situação económica.
Com a mobilização do meio intelectual estudantil, o Democracia apela à consciência de cada elemento doutorado, na medida em que este não devia ser apenas senhor de um título, mas senhor de uma consciência social da vida contemporânea. Correspondendo ao esforço económico despendido com os seus estudos, segundo a defesa da liberdade e igualdade de todos os homens.
Atribuindo às elites estudantis a condução de todo este processo, decorrente da luta pela conquista de mais direitos sociais para cada um dos membros do operariado, visando com sua propaganda alargar a sua base de apoio. Posta em prática por um conjunto de medidas desenvolvimentistas da acção politica, traduzidas nas sessões de propaganda nos meios trabalhadores, de forma a exponenciar a cultura, sem a qual não se construiria a verdadeira democracia em Portugal em comparação à Europa. Dando maior amplitude à sua actividade relacionando-a com os meios intelectuais e operário aspirando que futuramente fosse extensível a toda a academia do paìs, constituindo para as gerações futuras, um exemplo claramente a seguir.
De molde a pôr em prática esta politica do ponto de vista ideológico, o Democracia defendia uma sociedade meritocrática a onde os serviços públicos fossem entregues aos cidadãos possuidores de melhor competência técnica e moral, levando a efeito uma critica mordaz ao integralismo, corrente maioritária no Centro Académico Do Porto, advogando que o Estado simbolizava a nação em detrimento de qualquer dinastia, classe fidalga ou grupo politico. Explicitando o Estado como coisa pública, inalienável ao conjunto dos cidadãos portugueses. Postulando que ser republicano, significaria ser o português que objectivava a sua pátria restaurada mediante a tolerância das ideias, corrigindo os erros perpetrados por parte das gerações que anteriormente fundaram e dirigiram a primeira república.
Por este motivo o Democracia afirmava a moralização da actividade politica, libertando-a das condicionantes do individualismo vadio e madraço, que distanciava progressivamente Portugal da restante Europa. Patente no seguir do movimento intelectual preconizado pelos seareiros, onde evidenciavam António Sérgio e Raul Proença, como seus doutrinadores através dos seus artigos. António Sérgio explicita a critica ao isolamento dado pelo nacionalismo conservador, que insistia em recusar abrir as portas da nação aos movimentos civilizadores que percorriam a Europa. Remetendo a resolução deste problema para a construção da equidade educacional mais eficiente.
Promovendo a apostolização destes princípios através de uma propaganda educativa moralizadora, tendente a consolidar e reconstituir em bases mais sólidas e proficientes a sociedade republicana. Prefigurando a criação da verdadeira mentalidade democrática, resultante dos índices extremamente elevados do analfabetismo no país. O que exigia uma permanente leccionação do civismo presente na criação da alma republicana, generalizada a todos os cidadãos, directamente conexionada com governabilidade da nação, tornando o povo mais interventor na totalidade societária.
Garantindo a manutenção do bem comum, para que cada cidadão livre e conscientemente pudesse fazer valer os seus direitos, o que por conseguinte implicava a existência de uma consciência cívica consubstanciada na existência de maiores índices de cultura. Só assim se conseguiria modificar a opinião pública, visto esta entre nós ser uma mentira, aliada a existência de uma população ignorante e apática, existente nos campos, dificultando a vivência em democracia, num pais cujos indivíduos tinham uma noção muito triste do que lhes cabia como membros políticos, do grupo social que constituíam, impondo-se a todos os governantes o esforço pela educação cívica do povo.
Noutra vertente o federalismo, patente na defesa das ideias de José Félix Henriques Nogueira, em que o governo fosse feito pelo povo e para o povo, sobre a forma filosófica e prestigiosa da Republica. Mediante a federação em que Portugal pequeno e oprimido procurasse conjuntamente com os restantes povos peninsulares a força, a importância e a verdadeira independência. Repelindo a fusão alegando que corresponderia a perda de individualidade. Constituindo-se a confederação dos Estados Unidos da Ibéria. Conjuntamente com a promoção da descentralização através do aumento das liberdades municipais e a associação voluntária.
Não competindo ao município legislar, mas sim concorrer por meio dos seus representantes para a confecção de leis adaptando os regulamentos à sua localidade. Noutra acepção a administração interna, onde o município procurava manter o equilíbrio necessário justo à protecção dos diversos ramos de trabalho.
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